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Divulgação Científica#

Gestão de dados de pesquisa#

Autor: Larissa Alves ( Orcid image/svg+xml Orcid Oricd https://orcid.org/0000-0002-0563-8172)

Você já se perguntou o que é gestão de dados de pesquisa? E, afinal, o que são os dados de pesquisa?

Para responder a esta última pergunta, em 2019 os pesquisadores Sayão e Sales definiram dado de pesquisa como sendo "todo e qualquer tipo de registro coletado, observado, gerado ou usado pela pesquisa científica, tratado e aceito como necessário para validar os resultados de pesquisa pela comunidade científica".1

De acordo com os autores, os dados de pesquisa podem ser gerados para diferentes propósitos, por diferentes comunidades científicas, por meio de diferentes processos e, igualmente, podem ser descritos de muitas formas, refletindo as várias faces das atividades científicas e seu alto grau de diversidade.2 Para melhor exemplificar, os dados de pesquisa vão desde entrevistas à fórmulas matemáticas, números, imagens, streaming de vídeo ou áudio, software ou até visualização de dados, isto é, gráficos, diagramas, tabelas etc.12

Em resumo, os dados de pesquisa aparecem das mais variadas formas, de acordo com sua área. Na medicina, por exemplo, temos imagens, prontuários e resultados de exames. Já nas artes, temos cadernos de artista, roteiros e esboços. Todos esses exemplos se configuram como dados de pesquisa. Assim como conversas gravadas são dados de pesquisa para sociólogos e, amostras de rochas são dados de pesquisa para um geomorfologista.1

No entanto, os dados de pesquisa não falam por si. É necessário que exista uma descrição detalhada sobre onde, como e quando eles foram obtidos34; isso porque, sem uma descrição detalhada, os dados de pesquisa se tornam apenas dados brutos incompreensíveis e sem tratamento.

É nesse âmbito que a gestão de dados de pesquisa se encontra para solucionar esse problema, atuando na etapa de planejamento do projeto de pesquisa até a etapa de finalização da pesquisa.3

É na fase inicial em que se planeja a pesquisa, elabora o projeto de pesquisa, o plano de gestão de dados que deve considerar como os seus dados serão cuidados durante o desenvolvimento do projeto, como serão arquivados, preservados e compartilhados.34

Enquanto a pesquisa está sendo realizada, tem-se a coleta/geração de dados, análise, entre outros fatores que contemplam a segunda fase da gestão de dados; até sua última fase, na qual a pesquisa está finalizada, resultando em um conjunto de dados que será avaliado e depositado em um repositório ou banco de dados. Esses dados são catalogados, publicados e preservados a longo prazo para compartilhamento, acesso e reuso para as futuras gerações.3

Dito isso, uma adequada gestão de dados durante todo o transcorrer da pesquisa permitirá que os dados da pesquisa estejam planejados, organizados e documentados para que sejam compreendidos por pesquisadores e tenham sua proveniência comprovada.4

Também permitirá que os dados estejam armazenados de forma segura e preservados para usos atuais e futuros, sejam compartilhados, acessados e reusados para novas pesquisas; possam ser publicados, citados, além de estarem alinhados às políticas das agências de fomento e da instituição do pesquisador, respeitando os princípios éticos e legais pertinentes. E, ainda, seguindo essas orientações, os dados poderão estar linkados com outros materiais de pesquisa como artigos, teses e por fim, outros conjuntos de dados.4

Conclui-se que os tratamentos de gestão vinculados aos dados de pesquisa viabilizam identificação, localização, acesso, disponibilização, segurança e preservação digital aos dados, atribuindo valores aos dados, tornando-os disponíveis para uso, compreendidos e aptos para reuso em novos contextos de pesquisa por demais pesquisadores.

Referências


  1. SALES, L. F.; SAYÃO, L. F. Uma proposta de taxonomia para dados de pesquisa. Conhecimento em Ação, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, jan/jun. 2019. https://revistas.ufrj.br/index.php/rca/article/view/26337 

  2. SAYÃO, L. F.; SALES, L. F. Afinal, o que é dado de pesquisa? Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Rio Grande, v. 34, n. 02, p. 32-51, jul./dez. 2020. ISSN 2236-7594. DOI: https://doi.org/10.14295/biblos.v34i2.11875 

  3. SAYÃO, L. F.; SALES, L. Guia de Gestão de dados de pesquisa para bibliotecários e pesquisadores. Rio de Janeiro: CNEN, 2015. 

  4. SAYÃO, L. F.; SALES, L. F. Dados de pesquisa: quem ama cuida. Rio de Janeiro: CNEN, 2019. https://livroaberto.ibict.br/bitstream/123456789/1083/2/cartilha%20dados%20de%20pesquisa.pdf